Trabalho digno: respeito pela sagrada função de viver!

O trabalho dignifica o homem e enobrece a alma! Em tese, essa afirmação é muito verdadeira! Mas na prática, na atual fase evolutiva da Terra, ainda está longe de se tornar realidade!  Para muitos, têm feição de martírio! No Dia do Trabalho, celebrado em 1° de maio, refletimos sobre a importância da atividade profissional como fator de evolução para o espírito.

Osvaldo Polidoro, em seu livro Bezerra de Menezes e a Narrativa Iniciática, aborda assim esse tema: “É o trabalho, em síntese, a movimentação intra e extra do espírito, a fim de se desenvolver. Existir e movimentar é a lei da vida; e quem se movimenta no seio da Lei de Harmonia, certamente sofre menos e chega primeiro ao ponto crístico. No exterior, no mundo formal, trabalhar é extrair, movimentar, manufaturar, fabricar, dispor, distribuir e utilizar; quando a espiritualidade reinar, certamente não haverá choques entre as diferentes condições e situações sociais, havendo perfeita distribuição de trabalho e rendimento.”

E continua o autor nesse magnifico texto: “O trabalho é função divina, é necessário à evolução, à eclosão crística. O trabalho é a lei que ensina o mutualismo, que faz respeitar a própria necessidade, que obriga a reconhecer a necessidade alheia.  A fraternidade encontra no trabalho, ou no produto do trabalho, a sua oportunidade de intervir, o seu instrumento de se fazer valer. Renunciar é o modo mais amoroso de trabalhar, porque trabalhar pelo gosto de servir, de ser útil, é realmente uma obra divina”.

Aqui, vale recordar uma abordagem muito similar que se encontra no Bhagavad Gita que ensina: “seja pois o motivo das tuas ações e dos teus pensamentos sempre o cumprimento do dever, e faze as tuas obras sem procurares recompensa, sem te preocupares com o teu sucesso ou insucesso, com o teu ganho ou o teu prejuízo pessoal”.

O trabalho, nos mundos superiores, é encarado como oração, por isso mesmo que constitui organismo, por isso mesmo que não aumenta a uns nem diminui a outros, porque os deveres são distribuídos pelo critério das necessidades e pelo gosto de ser útil.

A verdadeira hierarquia reside no Amor e na Ciência

E o texto da Narrativa Iniciática segue alertando: “Ninguém tem o direito de se dispensar do trabalho, porque todos têm necessidade a atender e obrigações sociais a cumprir. Seja patrão o Estado, seja patrão o simples irmão, há sempre muita responsabilidade no ato de fazer trabalhar e na obrigação de remunerar. Somente Deus é Senhor de tudo e de todos, havendo, portanto, muita responsabilidade em dar serviço e em tomar serviço. Importa que o trabalho seja encarado de maneira a mais moralizada possível, a fim de a vida jamais tomar aspecto sacrifical. O aspecto sacrifical da vida, nos mundos inferiores, tem por causa a falta de respeito pela própria vida. Uns querem ser mais do que outros, tomando os bens do mundo como fator de ordem hierárquica, quando a verdadeira hierarquia reside no Amor e na Ciência, tem base nas virtudes imortais.

Na Terra ainda não houve organização perfeita, para efeito de aplicação do trabalho, do fator evolutivo, porque nunca houve, globalmente, respeito pela função de viver. Vida não quer dizer miséria e sacrifício. Vida significa integrar a Ordem Divina, significa participar de Deus. E na Terra o viver ainda é, para muita gente, a chave de todos os sacrifícios, por falta de respeito pela Sagrada Origem de tudo e de todos. Mandantes e mandados, por falta de melhores conhecimentos espirituais, transformam o trabalho em instrumento de lutas e de choques, de perseguições mútuas sem proveito para ninguém, porque a Lei de Harmonia reage por ordem, não toma conhecimento de partidarismos, quando é vilipendiada.”

 

Em humanidades mais evoluídas, o trabalho não é um sacrifício

“Pode-se conhecer o grau de adiantamento de um mundo, de sua Humanidade, pelo processo de trabalho que nele funciona. Em nenhum mundo superior o trabalho representa sacrifício, porque ninguém abusa do direito nem do dever de trabalhar e de fazer trabalhar.

O trabalho não serve de explorador do indivíduo nem da coletividade, porque extrair, elaborar, dividir e consumir toma a feição de ato religioso, de atuação espiritual, de oblata ao sagrado direito da vida.

A Terra é o mundo em que os irmãos, por causa dos rudimentos do mundo, das riquezas passageiras, se esfolam e se marcam tristemente perante as leis de Causa e Efeito. Na Terra trabalhar não é participar do honroso fenômeno de viver, porque pouco ou nada sabem os seus habitantes, sobre a Origem Divina, o Processo Evolutivo e a Sagrada Finalidade da Vida. Na Terra ainda tomam os bens exteriores como principais, esquecendo por isso mesmo, que no túmulo cessam as riquezas do mundo e começam a funcionar rigorosamente as responsabilidades adquiridas. Um minuto depois da morte empregados e patrões nada mais são, sem ser filhos de Deus, irmãos que terão ou não cumprido bem com a função de viver no plano carnal. Cessa tudo quanto é formal e grosseiro, mas ficam de pé as responsabilidades”.

 

Trabalho: importante aprendizado para o crescimento do espírito

“Quando se fala em mundos e em formas, trata-se de bancos escolares, nada mais nada menos. Condições e posições representam oportunidades de aprendizados e de aperfeiçoamentos. Através dos mundos e das formas o espírito aprende a valorizar o Emanador, a Emanação, as Virtudes e as Leis Regentes. É importante não esquecer esta realidade, porque ninguém atinge o Grau Crístico sem passar pela prova dos mundos e das formas. E tudo isso representa apenas programa de trabalho, pois é impossível haver evolução espiritual sem a intervenção do trabalho. Logo, nunca se encare o trabalho como oportunidade de uns explorarem a outros, de uns fazerem de outros apenas escravos ou objeto de prevenções criminosas.

Do ponto de vista material, do meio-ambiente onde o espírito deve movimentar os seus poderes e as suas virtudes latentes, a Fortuna é a Terra, o Capital é o Trabalho e o Patrão é o Espírito já Humanizado. Quando todos souberem honrar a função de viver, de participar da Ordem Divina, o Trabalho será uma oração e os bens derivantes do Trabalho sobrarão para todos. A Natureza doada por Deus, aos filhos terrestres, é para lá de pródiga. Não sejam miseráveis de espírito os homens, que a miséria a ninguém atingirá, nem a pobres nem a ricos, nem do plano carnal nem no mundo espiritual, para onde passam as contas que sobram do mundo; contas que jamais deixarão de sobrar, pois o plano material tem fim, mas o espírito nunca terá, ficará sempre para responder pela sua conduta”.

 

Saiba Mais no livro  Bezerra de Menezes e Narrativa Iniciática, de Osvaldo Polidoro e na obra Bhagavad Gita, tradução de Francisco Valdomiro Lorenz